A Ilusão da Intuição
A mente intuitiva é, sem sombra de dúvida, traiçoeira. Na forma como gera histórias e conclusões a partir de acontecimentos mal interpretados ou simplesmente esporádicos. Assim se explica a repetição constante dos mesmos erros ao longo da História.
Não se consegue evitar lidar com a limitada informação que se possui como se fosse tudo aquilo que há para saber. Constroem-se as melhores histórias possíveis a partir da informação disponível e, se for uma boa história, acredita-se nela. Paradoxalmente, é mais fácil construir uma história coerente quando se sabe pouco, quando há menos peças para encaixar no puzzle. A nossa reconfortante convicção de que o mundo faz sentido baseia-se num alicerce seguro: a nossa capacidade quase ilimitada de ignorar a nossa ignorância.(...) O âmago da ilusão é que acreditamos compreender o passado, o que implica que o futuro deveria ser também cognoscível, mas na realidade compreendemos menos o passado do que aquilo que acreditamos conhecer.
Daniel Kahneman, Pensar, Depressa e Devagar