Do Tempo
Que estranho mundo este,
Onde tudo é tão efémero,
Onde o hoje casa com o ontem,
E o amanhã morre solteiro.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Que estranho mundo este,
Onde tudo é tão efémero,
Onde o hoje casa com o ontem,
E o amanhã morre solteiro.
Ninguém pode dar-lhe conselhos ou ajudá-lo, ninguém. Só existe um meio. Entre em si mesmo. Procure as razões que o levam a escrever; verifique se elas lançam raízes nas profundezas do seu coração, pergunte e responda a si mesmo se morreria caso o impedissem de escrever. E acima de tudo: pergunte a si mesmo no mais silencioso da noite: tenho de escrever? Mergulhe nos abismos da sua essência em busca de uma resposta profunda. E caso esta seja afirmativa, se puder responder a esta pergunta séria com um simples e forte "Sim, tenho", então construa a sua vida à volta dessa necessidade.
Rainer Maria Rilke, Cartas a um Jovem Poeta
Um triste rapaz entra num antiquário,
Memórias boas e más, expostas em prateleiras,
Por que não se liberta das más, pergunta ao dono,
Diz este: "As boas fazem-nos voar,
mas as más impedem que nos despenhemos."
Pertenço ao nada
Ao nada regressarei
Todos os sentimentos afins,
De uma vida desperdiçada,
Reduzidos a um calafrio,
De uma pedra tumular.
Há no teu rosto,
marcas indeléveis,
de amarguras passadas
de agruras sumidas
Chora à vontade, meu amor,
Seco-te as lágrimas com beijos
Lavo-te a face com as minhas.
Passeamos, junto ao mar,
De pés descalços e mãos dadas,
Como cúmplices, sorrimos,
Enquanto olhamos um no outro,
Em recíproco silêncio,
Num momento intemporal.
Este terrífico amor,
que me embala, quebra, violenta,
Onde pára ele?
No fim do mundo?
Há um pequeno ponto
Lá em cima, no espaço celeste,
Onde a terra não toca,
Reservado para nós dois.