Sons que falam
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Sobes, sôfrego, o desfiladeiro,
Cortas o ar com a respiração,
Sentes o espírito abandonar o corpo,
Cantas, em desespero, uma última canção.
Palavras erguidas, umas não ditas,
Ignoradas, enxotadas, dispersas, vãs...
Abolidas no fio do tempo,
Numa gruta sem dimensão.
Mate-se a alma deste inútil!
É um vagabundo sem destino,
Néscio, bruto e crápula,
De moral entorpecida,
Mas com remorsos sufocantes,
Clama por um amor perdido.
Relembro cada carícia tua,
Cada olhar penetrante,
Cada curva do teu corpo,
Com uma minúcia arrepiante.
É um vislumbre de vertigem,
Uma torrente de memórias,
Incansável e sedenta,
Repercutida com acinte
Pelo inclemente eterno.