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Delírio do Moscardo

"devagar, o tempo transforma tudo em tempo. o ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo." José Luís Peixoto

Delírio do Moscardo

"devagar, o tempo transforma tudo em tempo. o ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo." José Luís Peixoto

28.Jul.20

O meu olhar

Moscardo
  II O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de vez em quando olhando para trás... E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, E eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo... Creio no Mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas (...)
17.Jan.20

Da Escuridão

Moscardo
  "Alguém que amei deu-me em tempos uma caixa cheia de escuridão. Levei anos a perceber que, também isto, era um presente." Mary Oliver
28.Out.18

Esperança

Moscardo
  Acordei aturdido pela alvorada Abalroado por raios de sol Ainda caem em mim bátegas De uma qualquer nuvem perdida     O campo de silvas e dor em que tinha adormecido, Estava agora transformado Num vasto prado de esperança.  
20.Jul.17

O Fio do Tempo

Moscardo
  Sobes, sôfrego, o desfiladeiro, Cortas o ar com a respiração, Sentes o espírito abandonar o corpo, Cantas, em desespero, uma última canção.   Palavras erguidas, umas não ditas, Ignoradas, enxotadas, dispersas, vãs... Abolidas no fio do tempo, Numa gruta sem dimensão.  
19.Jul.17

Vagabundo sem Destino

Moscardo
  Mate-se a alma deste inútil! É um vagabundo sem destino, Néscio, bruto e crápula, De moral entorpecida, Mas com remorsos sufocantes, Clama por um amor perdido.    
18.Jul.17

Vislumbre de Vertigem

Moscardo
  Relembro cada carícia tua, Cada olhar penetrante, Cada curva do teu corpo, Com uma minúcia arrepiante. É um vislumbre de vertigem, Uma torrente de memórias, Incansável e sedenta, Repercutida com acinte Pelo inclemente eterno.  
28.Jun.17

Do Tempo

Moscardo
  Que estranho mundo este, Onde tudo é tão efémero, Onde o hoje casa com o ontem, E o amanhã morre solteiro.  
25.Jun.17

Um antiquário

Moscardo
  Um triste rapaz entra num antiquário, Memórias boas e más, expostas em prateleiras, Por que não se liberta das más, pergunta ao dono, Diz este: "As boas fazem-nos voar, mas as más impedem que nos despenhemos."  
24.Jun.17

Pedra tumular

Moscardo
  Pertenço ao nada Ao nada regressarei Todos os sentimentos afins, De uma vida desperdiçada, Reduzidos a um calafrio, De uma pedra tumular.  
23.Jun.17

Lágrimas com beijos

Moscardo
  Há no teu rosto, marcas indeléveis, de amarguras passadas de agruras sumidas Chora à vontade, meu amor, Seco-te as lágrimas com beijos Lavo-te a face com as minhas.